Arnaldo Jardim
O Turismo é o 5º principal produto na geração de divisas em moeda estrangeira e já disputa a 4ª posição com a exportação de automóveis. O faturamento das 92 maiores empresas do setor turístico brasileiro atingiu R$ 34,1 bilhões, em 2007, um crescimento de 14,8% em relação ao ano anterior. Estes dados fazem parte da 4ª edição da Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com o levantamento, o número global de viajantes estrangeiros atingiu 897 milhões de pessoas, um crescimento de 6% em relação a 2006. O Brasil foi o destino de 5,25 milhões de turistas estrangeiros, que representaram uma pequena expansão, de apenas 8 mil pessoas, em relação ao ano anterior.
Embora não haja uma definição única, o Turismo pode ser conceituado como um conjunto de atividades que as pessoas realizam em suas viagens, durante a permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e outros. Da mesma forma, o Turista pode ser considerado um visitante que desloca-se voluntariamente por período de tempo igual ou superior a 24 horas para local diferente da sua residência e do seu trabalho.
Em suma, trata-se de uma atividade que não apenas movimenta as pessoas, mas que impulsiona a economia, modifica o modo de vida da população local e a maneira com que esta se relaciona com os visitantes, por meio da prestação de serviços. Por essa característica, entendo que o setor como um todo possa desempenhar um papel estratégico para disseminar grandes causas.
Recentemente, chamou a atenção, notícia de que a Organização das Nações Unidas (ONU) usaria o Turismo contra pobreza no Brasil. A proposta da ONU pretende obter recursos e propor acordos de cooperação entre os governos da Espanha e do Brasil, para implantar projetos sociais na área de turismo por aqui. A idéia é aproveitar o potencial do setor para desenvolver programas de capacitação, geração de emprego e preservação do meio ambiente. Assim, a ONU não apenas reconhece o grande potencial brasileiro em relação ao turismo, como também acredita que a cooperação nesta área poderá ter um grande impacto e contribuir significativamente em relação ao desenvolvimento de projetos socioambientais.
Atores principais da economia, como: Hotéis, Bares, Restaurantes, podem cumprir um importante papel socioambiental em favor do chamado “triple bottom line” – tripé da sustentabilidade que envolve aspectos econômicos, sociais e ambientais. Desta maneira, ações simples podem representar ganhos imensuráveis para os setores envolvidos e promover a conscientização da sociedade em relação à questão ambiental.
Por exemplo: campanhas de educação ambiental e de racionalização no uso da energia e da água podem significar aumento nos lucros e a conseqüente redução do desperdício. A coleta seletiva e a separação dos recicláveis e orgânicos podem fomentar a criação de cooperativas, gerando trabalho e renda, além de diminuir a quantidade dos resíduos encaminhados para os aterros sanitários. Os setores poderão ser grandes indutores do mercado da reciclagem, se optarem em adquirir produtos a partir de matérias recicladas. O chamado ecodesign pode contribuir e externar a mensagem socioambiental dos estabelecimentos comerciais, por meio das inúmeras possibilidades de criações de produtos a partir destes materiais que seriam descartados na natureza.
Assim, se consolida nas empresas, empreendimentos, comércio e toda a sorte de serviços prestados aos turistas, a necessidade deles estarem envolvidos, cotidianamente, com práticas sustentáveis e o conceito de ecoeficiência – o uso mais eficiente de materiais e de energia–, a fim de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais. Num futuro não tão distante, estes fatores não apenas serão diferenciais de competitividade, mas uma premissa para atender viajantes cada vez mais preocupados com a preservação do Planeta.
Turistas conscientes poderão fazer a diferença nessa cruzada pelo meio ambiente, onde todos nós somos responsáveis, e a conscientização desempenhará um papel preponderante, transformando o que hoje é um compromisso, na realidade do amanhã.
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